terça-feira, 20 de novembro de 2012

Os peixes pedem socorro


Batia água quando a guarda do Parque colocou o barco no rio Uruguai, na tarde do último dia do mês de outubro passado. O rio espremido entre a mata nativa brasileira e da província de Missiones na Argentina, bufava e descia caudaloso rumo à bacia do Prata. As últimas chuvas tinham tirado o rio fora da caixa e agora estava com seis metros acima do nível normal. A navegação nestas condições, rio cheio e chuva direta, é perigosa e exige barco bom e motor potente. O Barco de alumínio de 7 metros com motor de 25 HP, com o Leandro - gestor do parque - e os guardas Irã e Vilmar, embicou no poço do Garcia, em direção ao salto do Yucumã rio acima, às 15 horas daquela terça-feira chuvosa.
Averiguavam uma denúncia anônima, que informara da presença de pessoas suspeitas dentro dos limites do parque. Uma cortina de chuva dificultava a visibilidade, e a cavalaria do Yamaha roncava a força máxima nas corredeiras, fazendo o barco trepidar. Ondas violentas batiam contra o casco do barco, cuja proa empinava, para depois cair nos buracos que se abriam nos redemoinhos da enchente.
Ao cruzarem a corredeira das telhas começaram a avistar os primeiros indícios de material de pesca no rio. A chuva tinha diminuído e uma neblina cinzenta se despregava das águas turvas do rio Uruguai.  O Parque do Turvo é uma Unidade de Conservação de proteção integral, onde a caça e a pesca são proibidas SEMPRE. O período de Defeso da Piracema, - época da reprodução dos peixes – iniciou dia primeiro de outubro de 2012 e se estende até dia 31 de janeiro de 2013, e neste período a proibição da pesca abrange toda bacia do rio Uruguai.
Somente nesta patrulha foram apreendidos 4.800 m (quatro mil e oitocentos metros) de redes que aprisionavam, em torno de 120 quilos de peixes, das espécies de grumatã e dourado. Estes 32 exemplares de peixes foram devolvidos ao rio. Todos apresentavam o ventre estufado devido às ovas que continham. Cada matriz destas da origem a milhares de alevinos.
Os estoques de pescado no rio Uruguai, decrescem ano após ano, por causa destas pessoas gananciosas e inescrupulosas, que praticam estes atos predatórios colocando em risco a sobrevivência das espécies e do ecossistema com um todo. Somente neste ano já foram retirados do rio Uruguai mais de vinte e cinco mil metros de redes e trinta mil metros de espinhéis, no trajeto compreendido entre a corredeira do macaco até a foz do rio Turvo.
A fiscalização/patrulhamento é executada, com rigor, pela Patram, pela Brigada Militar de Derrubadas sempre em parceria e orientação da Chefia e Guardas do Parque do Turvo, que se desdobram nesta época do defeso da piracema, mas ainda assim insuficientes para conter a fúria predatória dos gananciosos.
Precisamos construir uma rede de proteção ambiental, com pessoas conscientes e preocupadas com o meio ambiente, alertas e vigilantes, questionando, instruindo e denunciando qualquer procedimento de ataque a espécies da flora ou fauna.
Portanto sempre que verificar atos de agressão ao meio ambiente exerça seu direito: Denuncie.  Você tem o dever de ajudar a preservar o meio ambiente, a biodiversidade, a vida e o planeta terra.
Pode ligar grátis para: 9090.8407.6806

COLABORE SUA ATITUDE É IMPORTANTE

Eng. Agr. Telmo J. Rosa Lopes -Técnico Ambiental - Parque do turvo

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