Cerca de 20 alunos participaram do curso de Formação
Básica de Agentes Ambientais Indígenas do Corredor Etnoambiental Kagawhiwa,
que aconteceu no Centro de Treinamento de Cultura da Associação de Defesa
Etnoambiental Kanindé, em Porto Velho (RO) entre os dias 20 de Agosto e o 08 de
Setembro. A iniciativa é uma atividade do Consórcio Garah Itxa, financiada pela
Agência de Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos (USAID) e Fundações
Skoll e Avina, e está sendo organizada pela Equipe de Conservação da Amazônia
(Ecam).
Os alunos indígenas fazem parte das etnias
Parintintin, Jiahui, Tenharin e Guarani. Dentre as disciplinas a serem
estudadas estão: Equipamentos e materiais para expedições, vigilâncias e
monitoramento; Fauna silvestre; Gestão de áreas protegidas e sobreposição em
terras indígenas; Resíduos sólidos em terras indígenas; Legislação indígena;
Agroflorestais e agroextrativismos; Cartografia; Educação Ambiental e
Interpretação Ambiental; Primeiros Socorros; Resgate Noturno; Combate e Manejo
do Fogo; Prevenção ao uso indevido de drogas lícitas e Ilícitas; Introdução a
GPS; Noções básicas de trânsito em BR e rodovias, entre outros.
De acordo com o coordenador técnico da Ecam, Wesley
Pacheco, o curso é uma importante ferramenta para aumentar a proteção das
terras indígenas e a implementação dos planos de proteção territorial que
algumas aldeias possuem. “Os módulos abordados permitem aos participantes do
curso uma visão geral da conservação para contribuir para a minimização dos
problemas ambientais locais e a realização de ações de controle e redução dos
riscos dos seus territórios”, explica.
A Ecam possui um histórico de sete anos na
organização e desenvolvimento de cursos de guarda-parques/agentes ambientais em
alguns estados no norte do Brasil, como Amapá e Rondônia, sempre com foco na
proteção territorial e no contexto indígena. No total, foram formados mais de
300 alunos indígenas e não indígenas. Para o curso deste ano foi feita uma
reformulação no formato, disciplinas, carga horária, entre outros, de forma a atender
melhor às necessidades dos indígenas. “As mudanças aconteceram a partir das
decisões tomadas no seminário interno que organizamos em abril deste ano, em
que fizemos reflexões sobre a metodologia da formação e melhorias para a nossa
formação”, avalia Wesley. Além disso, foram convidados representantes e
parceiros do movimento indígena que colaboraram com uma nova concepção de
trabalho com o objetivo de aumentar a eficiência do aprendizado.
Para Osvaldo Barassi Gajardo, coordenador do
projeto “Guarda-parques ECAM – FIG”, diante da crítica situação que se
encontram os guarda-parques no País com a falta de equipamentos, uniformes,
condições de trabalho inadequadas e o esquecimento por parte das autoridades
locais, o curso organizado pela Ecam é uma excelente ferramenta para o
fortalecimento da categoria. “Sabemos que ainda há muito a fazer, mas o mais
importante é que existe força, união e o desejo dos guarda-parques em melhorar,
se capacitar e cumprir com boas práticas na gestão das Unidades de
Conservação”, explica.
Além da Ecam, fazem parte do Consórcio Garah Itxa
as seguintes organizações: Associação de Defesa Etnoambiental (Kanindé),
Associação Metareilá do Povo Indígena Surui, Conservação Estratégica (CSF) e
Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB). Também apoiam a iniciativa
Corpo de Bombeiros, Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental de
Rondônia (Sedam), Faculdade São Lucas, Batalhão Ambiental e Federação
Internacional de Guarda-parques (FIG).
Sobre o Corredor Etnoambiental Kagawhiwa
O Corredor Etnoambiental Kagawhiwa compreende uma
faixa territorial de um milhão e 500 mil hectares, que abrange terras nos
estados de Rondônia e Amazonas. Ao todo habitam no local cerca de 1.500
indígenas, que estão divididos nas quatro etnias participantes do curso. Eles
estão distribuídos em seis aldeias: Ipixuna, Nove de Janeiro, Piraha, Sepoti,
Jiahui e Tenharin Marmelos.
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